quarta-feira, 18 de junho de 2014

SEQUOIAS

                                                                             



                                                                                                                para Cristiano
  

        Você sabia que as sequoias só existem na Califórnia? Pois é, disso eu não sabia. Mas eu conhecia as sequoias de longa data, desde os tempos do ginásio, hoje ensino fundamental. Ainda me recordo da foto no livro de  geografia, aquele imenso caule com uma figura humana ao lado, parecendo uma formiguinha.

     Domingo passado estava eu, com meu sobrinho Cris, falando-lhe de poesia, metáforas, aliterações;  recursos que normalmente utilizo em minhas composições. Sempre procuro promover essa interação, levando, de forma lúdica,  um pouco do meu mundo para o  dele  e absorvendo parte do mundo dele também.

         Estávamos sob as árvores, com o céu prometendo chuva, razão suficiente para nem estarmos lá, porém a conversa era tão boa que sequer nos intimidamos. Não sei como, nem por que, mencionei a sequoia  para ilustrar um pensamento e quando comecei a falar-lhe das proporções dessa inigualável árvore, ele se interessou. Imediatamente pegou o celular e foi pesquisar o assunto, pois eu já não tinha dados precisos sobre suas características.

         O interesse mútuo transformou-se em aprendizado, onde eu já não comandava mais a situação, mas ele, que com maestria começou a me fornecer dados que sua pesquisa mostrou. Ali, eu me encontrava no papel de aprendiz, perplexa com as informações fornecidas. Por um instante, eu me surpreendi, não com a magnitude das sequoias, mas com o momento de cumplicidade que o contexto me revelou.

         Da vida pouco  sabemos, sempre aprendemos, e muito ainda temos a aprender. E não me refiro a informações culturais, mas ao aprendizado que o convívio pode nos proporcionar. Essa linha definida  tia/sobrinho deixou de existir e deu lugar a um momento raro: duas pessoas aprendendo sobre algo no mesmo patamar de igualdade. Ali, não havia diferença de idade, diferença cultural ou qualquer outra. Éramos dois aprendizes ávidos pelas informações das sequoias, mas o que ele não sabia e minha experiência de vida me mostrava, é que  estávamos, juntos, aprendendo a viver, a conviver.

       De repente, o céu deu sinal de vida, cumprindo a promessa anterior de chuva e pudemos apreciar juntos  o cheiro de terra molhada, com delicados pingos que prenunciavam o iminente temporal.

        O momento foi tão especial que ainda permanecemos um bom tempo sem nos intimidarmos com a escuridão do céu. Em pensar que foram as sequoias que nos ensinaram um convívio prazeroso, onde desfrutamos da companhia um do outro, despojados de qualquer diferença, nesse instante tão valorizado pela minha memória.

         Por isso, aqui deixo minha dica: torne único cada  momento de convívio, e se você não tiver as sequoias como uma boa desculpa, pode se apoderar de qualquer outro tema para exercitar uma interação única, destituída de qualquer diferença, que certamente ficará guardada para sempre no  baú de  suas lembranças. 





                                                                                                                   Elizabeth F. de Oliveira



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