E o Brasil
perdeu. Silêncio e dor. E foi traumático, doloroso, vergonhoso. Por quê? Nossa Seleção perdeu o jogo e saiu da Copa.
Alguém teria que perder. A Espanha perdeu e saiu; Itália, Inglaterra e todos os
demais que não conseguiram chegar à semifinal. Por que, nós, brasileiros, nos
achamos assim tão invencíveis no futebol? Realmente temos um histórico
maravilhoso de jogadores e conquistas, mas isso não nos torna invencíveis. Somos
humanos. A Seleção também é, assim como o Felipão, que já nos deu uma conquista
mundial, lembra? Dessa vez era a nossa hora de perder.
A impressa
estampou no dia seguinte o ‘VEXAME’ com letras garrafais. Perdemos de goleada,
mas isso não nos torna um vexame. Eu ouvi um comentarista famoso mostrar a
imagem de crianças chorando no estádio e culpar a Seleção por isso. Essa é uma
excelente chance de os pais ensinarem aos seus filhos que perder faz parte da
vida e aceitar a derrota de cabeça erguida nos torna mais fortes para as
batalhas seguintes. Vencer é muito bom, claro, mas saber perder é um grande
ensinamento. Não foram somente as
crianças que choraram, adultos também, porque toda derrota é frustrante. O
torcedor ficou triste, mas o técnico muito mais, sobretudo por ter que dar uma
entrevista coletiva logo depois do acontecido e admitir para a nação : ‘a culpa foi minha, porque fiz a
escolha errada’.
Somos humanos,
por isso erramos. Se os torcedores ficaram frustrados, imaginem os jogadores,
que estavam lá jogando, bem ou mal, estavam lá, e tiveram que amargar os 90
minutos de decepção dupla: por perder a partida e, consequentemente darem adeus
à Copa, e por desapontarem milhões de brasileiros. Muitos alegam: ‘ah, mas eles
são muito bem pagos para isso’, mas isso não invalida a tristeza e a dor da
derrota.
Outros se revoltam e culpam o técnico, a Seleção, a
Dilma. E afirmam que a derrota foi merecida. É fácil transferir a culpa para o
outro, e se comprazer com o sofrimento da maioria. A derrota foi merecida, sim, mas tão somente porque nosso adversário,
a Alemanha, jogou melhor nesse dia e aproveitou cada falha do nosso esquema
tático. Palmas para ela, e sem nenhuma dor ou ironia falo isso. Saber perder,
admitir a perda e louvar aquele que honrou a vitória. Fair play.
Até o momento em
que o Brasil esteve bem, ganhando, era tudo alegria. Esperada, claro. Mas
bastou perder e perdeu todo o seu valor. Não! Precisamos ensinar a nossos
filhos que perder é parte do processo. Futebol é um jogo e assim como no campo
ou na vida, perdemos. Perdemos hoje, podemos ganhar amanhã. Saber perder,
admitir a derrota e saber conviver com ela. Isso é jogo, jogo da vida.
Dilma certamente
será também culpada por essa derrota, mas por que mesmo? Por ter trazido a Copa
para o Brasil? Sim, por isso. Por ter sediado um evento mundial tão sagrado
para os brasileiros? Eu penso que se os brasileiros não quisessem de fato a Copa,
teriam conseguido impedi-la muito antes
e não depois de já se ter tudo acertado e as verbas liberadas para o evento.
Mas o que dizem os estrangeiros ? O Brasil não sediou somente a Copa,
sediou alegria, fraternidade, solidariedade, sorrisos, boa vontade. O povo
brasileiro é assim: sempre receberá os estrangeiros de braços abertos. É da
natureza da nossa gente.
Os estrangeiros não viram somente os jogos aqui no Brasil, eles experimentaram da culinária do
nosso afeto, brindaram conosco da taça da nossa alegria, celebraram a igualdade
entre os povos. Isso não é uma grande Vitória?
Nós, brasileiros,
soubemos como ninguém sediar esse evento, porque assim como o Cristo
Redentor, recebemos a todos os estrangeiros de braços abertos, felizes da vida, porque o
futebol é nosso, sempre será. Somos penta não é à toa. O futebol corre nas veias dos brasileiros e
essa é uma conquista que jamais nos será tirada, com goleada, sem goleada,
ganhando ou perdendo. Somos o país do futebol. E sempre seremos.
Dessa vez não deu, mas, refazendo com bom humor os
cálculos matemáticos, vemos que 7-1= 6, ou seja, já estamos no rumo do hexa. A
Rússia que nos espere.
Avante,
brasileiros! Guardem sua bandeira e recoloquem o sorriso no rosto, afinal, temos
mais motivos para comemorar no futebol do que qualquer outra nação do mundo.
Elizabeth F. de Oliveira
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